Bolas!
Nem sei como explicar o facto de não escrever o que quer que seja há mais de cinco meses. Mais precisamente: cinco meses e três dias. Como gostaria de dizer que foram os cinco meses mais felizes da minha vida, ou talvez mesmo, os mais angustiantes. Ter uma história macabra para descrever ao promenor, daquelas que envolvem bastante sangue, medos ou seres do além que me vieram raptar. Talvez um herói, uma história fantástica de uma viagem prolongada à África do Sul, onde me apaixonei pelo meu actual marido, pai da minha filha mulatinha de olho verde, Beatriz, ao lado de quem lutei contra o racismo. Assim, algo romântico-fantasioso-revolucionário.
A verdade? Continuo solteira, sem filha, a morar com os meus pais na mesma rua, apaixonada pela mesma pessoa e sem jeito, aparente, para activista/ revolucionária! Parece mau? Pois quanto à história da África do Sul não havia mesmo hipótese: não tenho dinheiro para a passagem até lá (por enquanto) e namoro com um branco de olhos castanhos (e não tenciono mudar). E tem todo um lado positivo: quantas mil pessoas não procuram estabilidade? Ora aí está algo que não me falta.. estabilidade (em exagero até, devo confessar). Quantas mil pessoas não procuram o amor da sua vida sem encontrar? Pois eu encontrei e já fiz a pior parte, já passei da fase do "gosto tanto de ti que não consigo descolar, parar de mandar mensagens e cartas de amor borrifadas com o meu perfume, telefonar a toda a hora só para saber se continuas sentado a ver TV ou já estás a caminho da cozinha para jantar e amo-te, adoro-te tanto, ai és tão crido, ai gosto mesmo de ti". Já conheço os pontos fracos e fortes e consigo viver com eles, o que prova que isto tem tudo para durar.. e mesmo aquelas coisas que falham, são aquelas que me surpreendem e sem elas já não metia piada, certo?
Finalmente, levo uma vida saudável: ando bastante, bebo imensa água, como às horas certas e até posso abusar dos doces sem que rebente pelas costuras, não vivo no stress de uma grande cidade, faço meditação numa esplanada frente à praia enquanto apanho banhos de sol.. e continuo desempregada, ok.. mas o desemprego é algo muito relativo que depende da prespectiva, certo? Visto da nossa prespectiva o desemprego será (a). Visto da do Durão será concerteza (a) progressivamente positivo.
Também diga-se a verdade que a culpa é toda minha! Não quis ocupar os meus dias, a trabalhar nas caixas do jumbo, porque achei que não tinha rapidez de braços suficiente para passar os produtos na máquina e que o meu sorriso iria apagar-se ao fim de meia dúzias de "boa tarde, cartão jumbo tem?". Assim resolvi esperar por algo que me estimulasse mais e para o qual tivesse o mínimo de aptência. E voilá que até resultou, vou voltar à cidade onde as Naus partiram rumo ao Oriente (lamechice).
Para terminar o meu manifesto de felicidade aparente que resumirá os cinco meses de ausência devido à vida sedentária que tenho vindo a levar, que me causou um vício profundo em zapping (e um ainda maior nos programas do people & arts), uma grande novidade: tenho finalmente ADSL!
1 de maio de 2004
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